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Carioca, designer e gravurista, oriundo de família migrante de Santo Antônio de Pádua, noroeste do estado do Rio de Janeiro, estabelecido há mais de três décadas na zona oeste da cidade. Através des suas obras, aborda temas etéreos, inspirados pelo universo visual de um Brasil profundo e de suas próprias memórias familiares. Em suas obras são contadas pequenas histórias, através de personagens, símbolos e guras, que juntos, podem levar as mais diversas interpretações, de acordo com as próprias vivências, crenças e memórias do observador. Thiago Modesto celebra sua busca do sentido da experiência da vida através da arte, alinhada com o sentido de sociedade intrínseco no conceito de ancestralidade. Apresentando assim a sua visão de mundo influenciado por cosmovisões de encruzilhadas e reverencia aos saberes ancestrais.

A obra "Abre-se caminho" foi bordada em tecido e desenvolvida em contexto familiar, envolvendo o trabalho de artesãs próximas a mim. Um trabalho que envolveu muitas mãos, muitas gerações e saberes. O conceito gira em torno da criação de um objeto-relíquia, com intervenção de frase e figura em um objeto comum no cotidiano de uma casa. O intuito é comunicar a relação com o trabalho bruto (a lida com a terra) e a religiosidade. A foice, simbolicamente percorre esses dois caminhos (do trabalho e da espiritualidade): como ferramenta, ela abre os caminhos para o plantio, representando a força camponesa e o trabalho rural. Ela se conecta com uma história familiar própria, pois venho de uma família camponesa que migrou em busca de melhores condições de vida, tendo que abandonar memórias e saberes presentes no contexto rural. Como elemento espiritual, ela representa a força que abre caminhos, que guia meus passos. Dentro das religiões afro-brasileiras, ela se conecta com o orixá Ogum, que tem uma relação com o plantio e a colheita.

Tempo 1 - A cabeça-corpo: Branco hospital, anestesia, breu total, cabelos ao chão, o bisturi, o sangue a fluir, broca, serra, revela-se o crânio, a mãe resistente, brilhante e de cor bege, que se rompe. Tempo 2 - cabeça-ori: branco-oxalá, pedra, rio, despertar, luz, folhas e ervas ao chão, o pai benevolente, o fogo, a cera a fluir, palmas, cantos, revela-se o casco, brilhante e de cor bege, a lesma, que se fecha. Cruzando os dois tempos,as horas. E ao contar das horas, a cura. A obra "cura" surge dois anos, dez meses e vinte e um dias após a realização de uma cirurgia de emergência para a retirada de um tumor na cabeça. Formada por oito esculturas, velas de cera e um tecido branco, "cura" representa a graça alcançada e relação dos objetos votivos com a fé, pois enquanto minha cabeça era remexida na maca do hospital, a mesma cabeça também se encontrava em uma entrega para oxalá, envolta pela gosma espessa de um caramujo, seu boi, que rodeado por velas, durante oito horas fez com que meu corpo se dividisse em dois, numa cirurgia tanto espiritual quanto física.

Construído com azulejos brancos, madeira e desenhos que são formados através de uma modulação gráfica, o trabalho traz o conceito de “casa-templo”, onde os objetos presentes na morada se transformam em objetos-relíquias, uma referência ao sagrado.O trabalho Inverte a relação entre os arquétipos do feminino (em expansão) e do masculino (em retração), onde o primeiro geralmente é representado pela lua/noite e o segundo pelo dia/sol. Essa troca se dá pelo fato de eu ter crescido em uma família totalmente matriarcal, formada por 8 mulheres-irmãs, onde a presença da figura masculina não representava a força, e sim a ausência.

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