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Messias Souza nasceu em Mata Grande- AL, 1990. Atualmente vive e trabalha na encruzilhada entre Alagoas e São Paulo. É artista visual, arte-educador, ilustrador e pesquisador no campo da fotografia. Enquanto artista visual desenvolve seus trabalhos a partir de memórias ancestrais garimpadas em antigos álbuns de fotografia do acervo privado de sua família. Como pesquisador da imagem dedica-se a questionar o lugar reservado para pessoas marcadas pela experiência da racialização e da dissidência de gênero nos álbuns fotográficos. Através de colagens, intervenções manuais e processos de experimentações sob suporte fotográfico, preenche lacunas e ficciona arquivos como uma garantia de serem lembradas e continuarem vivas as suas ancestrais.

Num primeiro momento, o que vemos parecem apenas fotografias antigas impressas sob lâminas de vidro que flutuam sobre um círculo de areia com pipoca. Mas se olharmos demoradamente, descansando o olhar sobre a paisagem que se forma, veremos que se trata de uma instalação que carrega consigo símbolos e significados indissociáveis do tempo e da própria terra. Ficcionando espaços para revisitar, à luz do momento presente, estórias que outrora permaneciam soterradas pelo esquecimento, o trabalho se baseia na apropriação de arquivos fotográficos e antigas memórias familiares, compostas especialmente pelas lembranças de meu avô, Martinho Alves da Silva (1931-2002), cuja memória e imagem foram recuperadas nesta criação. A ele dedico este trabalho. Messias Souza

Habitar o impronunciável reflete antigas lembranças de meu avô, Martinho Alves da Silva (1931-2002), que, enquanto uma pessoa marcada pela experiência da racialidade e da dissidência de gênero, teve sua memória soterradas nos álbuns de fotografia da família. A performance é um convite para refletir sobre os álbuns de família não apenas como um espaço neutro em que se costuma preservar histórias, mas como um local em que se esconde, oculta e silencia memórias eleitas segundo uma lógica colonial e fadadas ao esquecimento. Responsável pela cura e pela morte, Omolú é uma divindade intimamente ligada à ancestralidade da palha, antiga sociedade localizada no reino Daomé. Esse clã ficou muito conhecido pela sua ligação com a agricultura, os segredos da terra e da cura. Filho da matriarca Nanã, senhora da vida e da morte, Omolú, uma das divindades que habita o mundo oculto dos segredos e das encantarias, tem o poder de revisitar e trazer de volta presenças que outrora estiveram submersas sob a luz do esquecimento. No exercício de não esquecer, evoco, através do corpo-quilombo, antigas lembranças e movimentos que me permitam reinventar a memória à luz do momento presente, fotografias de meu avô. Messias Souza

Caderno de Arqueologia é um caderno de artista que surge no início de 2020 como um objeto/documento em que venho armazenando meus processos de investigações sobre minhas memórias familiares. Como o próprio nome anuncia, é um trabalho de escavação, diretamente ligado ao gesto de buscar a si. O filósofo Michel Foucault aponta em seu trabalho a História da Sexualidade: o cuidado de si (1985), que conhecer a si mesmo é um processo contínuo de experimentações e práticas. Dentre elas, a escrita em cadernos ou diários como uma dessas práticas de conhecimento, coragem e liberdade.

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